Gastos
com atendimentos a motociclistas mais que dobram em quatro anos
Acidentes de trânsito pressionam a rede pública de saúde e lotam
prontos-socorros; pela primeira vez, mortalidade de motociclistas supera a de
pedestres e motoristas.
(Publicado no Portal da Saúde em 20/06/2012)
Levantamento inédito do Ministério da Saúde mostra
que o custo de internações por acidentes com motociclistas pagas pelo Sistema
Único de Saúde (SUS), em 2011, foi 113% maior do que em 2008, passando de R$ 45
milhões para R$ 96 milhões. O crescimento dos gastos acompanha o aumento das
internações que passou de 39.480 para 77.113 hospitalizados no período.
“O Brasil está definitivamente vivendo uma epidemia
de acidentes de trânsito e o aumento dos atendimentos envolvendo motociclistas
é a prova disso. Estamos trabalhando para aperfeiçoar os serviços de urgência no
SUS, mas é inegável que esta epidemia está pressionando a rede pública”, avalia
o ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
O número de mortes por este tipo de acidente
aumentou 21% nos últimos anos – de 8.898 motociclistas em 2008 para 10.825
óbitos em 2010. Com isso, a taxa de mortalidade cresceu de 4,8 óbitos por 100
mil habitantes para 5,7/100 mil entre 2008 e 2010.
“A elevação dos acidentes envolvendo motociclistas
fez com que, pela primeira vez na história, a taxa de mortalidade deste grupo
superasse a de pedestres (5,1/100 mil) e a de outros veículos automotores
(5,4/100 mil), como carros, ônibus e caminhões”, alerta Padilha.
Os dados levantados apontam que os jovens são as
principais vítimas: cerca de 40% dos óbitos estão entre a faixa etária de 20 a
29 anos. O percentual cresce para 62% entre 20 a 39 anos e chega a 88% na faixa
etária de 15 a 49 anos. Predominantemente homens, em 2010, representaram 89%
das mortes de motociclistas (9.651 óbitos).
PREVENÇÃO – Para enfrentar o avanço dos acidentes de trânsito,
o Governo Federal expandiu o Projeto Vida no Trânsito a todas as capitais
brasileiras. Lançado em junho de 2010, a ação é uma das iniciativas do
Ministério da Saúde para prevenir e reduzir a violência no trânsito.
Com recursos do Ministério da Saúde, as capitais
poderão ampliar as políticas de prevenção de lesões e mortes no trânsito por
meio da qualificação, planejamento, monitoramento, acompanhamento e avaliação
das ações a partir de fatores de risco. Em 2010, o projeto foi implantado em cinco
capitais – Palmas, Teresina, Campo Grande, Belo Horizonte e Curitiba -, que
conseguiram melhoras nestes indicadores.
A expansão do projeto é um dos desdobramentos do Pacto Nacional pela Redução dos
Acidentes no Trânsito – Pacto pela Vida, firmado entre os
ministérios da Saúde e das Cidades no ano passado. A meta é estabilizar e
reduzir o número de mortes e lesões em acidentes de transporte terrestre nos
próximos dez anos, como adesão ao Plano da Década de Ações para a Segurança no
Trânsito 2011-2020, recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
MONITORAMENTO - Ministério da Saúde monitora mortes e internações
por acidentes de trânsito a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade
(SIM) e do Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS),
respectivamente.
“O Ministério da Saúde vem melhorando a coleta de
dados e qualificando as informações juntamente com as Secretarias Estaduais e
Municipais de Saúde. Com a ajuda das delegacias, dos institutos médicos legais
e dos hospitais, é possível qualificar mais a informação e fazer um melhor
diagnóstico da situação dos acidentes, e assim, atuar com políticas públicas
pontuais”, explica a diretora de Análise de Situação em Saúde do Ministério da
Saúde, Deborah Malta.
Além do crescimento de fatores de risco importantes
como excesso de velocidade e consumo de bebida alcoólica antes de dirigir,
Deborah Malta aponta o incremento na frota de veículos como fator para o
aumento do número de acidentes. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito
(Denatran), o número de veículos registrados cresceu 16,4% entre 2008 e 2010,
passando de 54.506.661 veículos para 65.205.757. No mesmo período, os óbitos
foram de 38.273 para 42.844 – alta de 12%.
Já a frota de motocicletas foi ampliada em 27% - de
13.079.701 para 16.622.937 -, implicando elevação na proporção destas em diante
do total de veículos de 24% para 25,5%.
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